sexta-feira, 8 de março de 2013

POR QUE FALAR SOBRE COTAS?

A escolha do nosso tema se deu de uma forma muito natural, pois  foi através de observações e conversas tidas com nossa orientadora que chegamos a esta temática, sabemos que não é um tema fácil de ser discutido e pesquisado, mas acreditamos que haja uma necessidade de abordar este assunto pelo fato de muitos desconhecerem a importância dessas discussões no âmbito educacional. Para entendemos melhor procuraremos relacionar o pensamento de professores e alunos cotistas e não cotistas do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Alagoas com os movimentos históricos ocorridos no Brasil.



RESENHA DO LIVO: DISCRIMINAÇÃO RACIAL EM ALAGOAS


Roseany Pinheiro Sedrins


PACÍFICO, Andrea Maria Calazans Pacheco. Discriminação racial em Alagoas/ Andrea Maria Calazans Pacheco Pacífico, Catherine de Gusmão Barbosa, Lívia Rocha de Brito Salgueiro. – Maceió: EDUFAL, 2011. 112P.

O livro discriminação racial em Alagoas foi elaborado por duas alunas do curso de direito, Lívia Rocha de Brito e Catherine de Gusmão Barbosa, sob a orientação da professora Andrea  Pacheco Pacífico. No livro entra em discussão uma questão já conhecida e antiga na sociedade e que infelizmente não foi sanada, que é a discriminação racial. O livro tem como foco a discriminação no estado de Alagoas e o papel desenvolvido pela comissão de defesa das minorias da OAB/AL.
No primeiro capítulo são discutidos os direitos humanos e o direito a igualdade. As autoras fazem referências ao significado da palavra direitos humanos, esclarecendo que o mesmo surgiu com base no direito natural do homem e que o mesmo aparece em vários momentos da história com maior força e concretização. Não dá para se falar em direitos humanos sem relacionar a questão da discriminação, pois os dois estão ligados. Ao garantir ao homem igualdade e liberdade os direitos humanos asseguram a todos direitos sem distinção de raça ou de cor. Neste tópico as autoras fazem um resgate do surgimento dos direitos humanos, citando os estudos desde a Grécia sobre a necessidade da criação de documentos que garantissem o direito a liberdade e igualdade. Perante estes estudos com o passar dos tempos foram sendo criados vários documentos em favor dos direitos humanos. As autoras citam a igreja na idade média que contribuiu com os direitos fundamentais ao homem fundamentados pela bíblia. Já no estado moderno foi criada a magna carta e o habeas corpus de 1979, que garantiam a liberdade ao homem livre. Entre outros tantos documentos criados para fortalecer os direitos humanos, os principais foram: a constituição de 1988, a declaração universal dos direitos humanos de 1948 entre outros. Só contribuíram para o combate a discriminação. No estado de Alagoas a 3° conferência estadual dos direitos humanos em 2008 veio para analisar e identificar os desafios de implementação dos direitos humanos, além disso, elas ainda afirmam que a conferência veio para propor prioridade de atuação da secretaria da mulher, da cidadania e dos direitos humanos.
Ainda pode-se citar que esses direitos não são só válidos para questão racial, mas também no que se diz a respeito de direitos relacionados a mulheres e a criança e o adolescente. Como também a discriminação por religião, raça ou gênero. Já no segundo capítulo as autoras abordam os vários tipos de discriminação. Inclusive o racial, pois discriminar e toda distinção de preferência dada a uma pessoa, isso segundo as autoras e mais que a discriminação racial é dada quando uma pessoa favorece ou desfavorece outra pela cor. Elas apontam a visão discriminatória da sociedade que vem desde o período da escravidão e mais ressaltam a problemática de que o Brasil é um país que prega valores éticos morais livres de discriminação e juridicamente são assegurados, porém na prática não funciona com está escrito na lei.
A declaração universal dos direitos humanos junto com a constituição federal garante e condenam qualquer tipo de discriminação ou distinção de raça, cor ou sexo e idade, entre outros fatores. Somente na conferência mundial contra o racismo, discriminação racial, xenofobia e intolerância, que aconteceu em Durban o Brasil reconheceu- se como um país racista e mais adquiriu obrigações internacionais para implantar políticas publicas voltada para coibir a discriminação.
No terceiro capítulo é citada a grande contribuição que a OIT deu para a formação internacional dos direitos humanos, logo após a primeira guerra mundial. A ONU adotou a declaração universal dos direitos humanos, e a partir disso tornou-se eixo central na política internacional dos direitos civis e políticos e também do pacto internacional dos direitos econômicos, sociais e culturais, tornando-se juridicizada. Vale ressaltar que isso implica no caso de violação da lei. No caso do estado de Alagoas a violação e corriqueira, segundo as autoras afirmam que há infrigimento quanto o direito a liberdade estabelecidos na lei, ou seja, não há respeito aos negros em virtude de sua cor. Apesar de o estado contar com o apoio de comunidades quilombolas e políticas publica baseadas na igualdade social. E além de também poder contar com reservas de cotas em instituições de ensino superior. Mesmo assim ainda há um grande numero de casos de discriminação no Brasil. Ainda afirmam que é preciso que se concretize os  direitos civis e que haja a reparação as violações de direitos humanos e que para isso faça necessário a participação do estado, do indivíduo e da sociedade.
No quarto capítulo é abordado a OAB seu trabalho e a comissão de defesa das minorias étnicas e sociais. As autoras fazem um breve apanhado sobre o surgimento da OAB no Brasil e em Alagoas e de como estar sendo a realização do trabalho em defesa das minorias. Neste tópico é relatada as informações sobre o nascimento da OAB, que surgiu no governo de Getúlio Vargas e que dispõe como serviço federal. Já no estado de Alagoas a comissão de defesa das minorias étnicas e sociais da ordem dos advogados do Brasil, foi fundada em 1997, e têm o objetivo de diminuir as desigualdades entre brancos, negros, índios, prostitutas, travestis, homossexuais e lésbicas. A mesma segundo as autoras garantem a aplicação da constituição de 1988. No mesmo tópico é apresentados gráficos de denuncias ocorridas  e dadas as queixas em delegacias, o resultado foi negativo, pois pode-se verificar que quase não há denuncias de casos de discriminação. Pois na maioria dos casos as vítimas que sofrem esse tipo de abuso não denunciam. Na mesma pesquisa foram entrevistadas algumas pessoas que atuam na área de direitos humanos, como: Clara Suassuna Fernandes, Marcelo Malta, Flavio Gomes da Costa entre outros. Nesta entrevista foi discutida a questão das conseqüências de discriminação em Maceió. Na visão dos entrevistados isso se dá porque as pessoas de minorias étnicas e sociais são más vistas pela sociedade e que os mesmos são excluídos do convívio social. E que os afros- descendentes são marginalizados pela sociedade por pertencerem à camada mais pobre da população e ainda segundo os entrevistados se dá pela causas culturais. Em outra pergunta realizada aos entrevistados sobre a atuação da comissão, responderam com opiniões diferentes entre si, uns acreditam que a mesma satisfaz a perspectiva, já outros afirmam que não satisfaz. Ainda em continuidade a entrevista foram indagados a dar sugestão para minimizar este problema. Todos chegaram a uma mesma resposta que é a conscientização, sendo realizada pela mídia ou pelo governo com leis mais rígidas e cumpridas, como também e principalmente a conscientização da sociedade.
Na conclusão realizada pelas autoras elas reafirmam a importância dos direitos humanos em garantia de qualidade de vida para o homem com o apoio da constituinte de 1988. Partindo também desse pressuposto é a utilização da OAB como instrumento  em defesa das minorias.
Elas comentam o resultado da entrevista realizada com vitimas de descriminação e ressaltam o saldo negativo, pois como já foi posto na maioria dos casos as vitimas não denunciam os agressores. Mesmo tendo o apoio da comissão as vitimas ainda tem receio de denunciar. Muitos dos casos que é levado a justiça não tem prova suficiente e isto é um ponto falho. Mas não por parte da normativa nacional ou internacional, mas sim na investigação dos fatos.
E mais elas concluem que não basta ter leis vigorosas para combate, mais que seja necessário que a minoria seja encorajada a denunciar, e que sejam implementadas políticas públicas que incentivem a não discriminação racial, e que o sistema judiciário seja mais rigoroso na aplicação da lei.

ALGUMAS REFERÊNCIAS IMPORTANTES


GUIMARAES, Antonio Sérgio Alfredo. Preconceito racial: modos, temas e tempos. 2 ed., São Paulo, SP: Cortez Editora, 2012.


BRASIL, Lei nº 10. 639, De 09 de janeiro de 2003.

_______, Lei nº 12.288, De 20 de julho de 2010.

RAÇA, Filed Under. Nosso Racismo É Um Crime Perfeito: Kabengele Munanga. Disponível em: < http://interney.net/blogs/lll/2009/10/09/nosso_racismo_e_um_crime_ perfeito_ kabengele_munanga/> Acesso em: 18 de fevereiro de 2012.


O Brasil dos brancos é rico. Dos negros é muito, muito pobre. Disponível em: < http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2010/05/19/o-brasil-dos-brancos-e-rico-dos-negros-e-muito-muito-pobre/> Acesso em: 23 de fevereiro de 2013.

DIÓGENES, Elione Maria Nogueira. Educação em Direitos Humanos e Diversidade: aspectos metodológicos em movimento. (texto digitado)

PACÍFICO, Andrea Maria Calazans Pacheco , Catherine de Gusmão Barbosa, Lívia Rocha de Brito Salgueiro. Discriminação racial em Alagoas Maceió: EDUFAL, 2011. 112P.

LAKATOS, Eva Maria, MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de metodologiacientífica. 3.ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991.


  

MINI ARTIGO: COMO SER COORDENADOR NA MODALIDADE À DISTÂNCIA?


COMO SER COORDENADOR NA MODALIDADE À DISTÂNCIA?
  
Maria das Graças dos Santos Barbosa
Priscilla Rafaela Zuben de Souza
Roseany Pinheiro Sedrins


RESUMO: Este trabalho surgiu de algumas entrevistas realizadas a coordenadores de curso à distância na Universidade Federal de Alagoas, com objetivo de saber como acontece a organização dessa modalidade no campus, foram realizadas apenas duas entrevistas, através de um questionário abrangendo questões relativas a quantidade de alunos, ao tipo de seleção, a duração do curso, ao surgimento do mesmo, aos pontos positivos e negativos etc. todas essas perguntas tiveram a finalidade de analisar em que situação se encontra à educação à distância na Ufal. Nos resultados, obtivemos que existem cinco cursos que possuem a modalidade à distância, que são: pedagogia, física, matemática, sistema de informação e administração, mas conseguimos entrevistar apenas dois coordenadores.

Palavras-Chaves: Educação à distância  – coordenadores – UFAL.

INTRODUÇÃO

            Esta pesquisa teve como objetivo conhecer um pouco sobre a modalidade de ensino Educação à distância, nos cursos da Universidade Federal de Alagoas, para tanto foram realizadas entrevistas com os coordenadores de cursos de pedagogia e física com perguntas sobre a temática de EAD.  Apesar de ter sido realizada apenas com dois coordenadores, percebe-se como a educação na modalidade à distância tem aspectos parecidos, e essa modalidade de ensino é de grande importância para aqueles que não têm tempo para estudar no modo presencial, facilitando assim, a formação dos mesmos.

Entrevista com o coordenador de Educação à distância do Curso de Física.

Entrevistamos o professor Kléber Cavalcante Serra, coordenador de Educação a distância do curso de física, ele se mostrou muito prestativo em nos fornecer as informações que necessitaríamos, a partir de nossa conversa ele relatou que o curso na modalidade EAD existe para o curso de física desde 2007, surgiu de um projeto elaborado pelo prof. Elton ex - diretor do centro de Educação que o convidou para ser responsável por esse curso, já que não seria legível que fosse proposto pelo CEDU, o professor Kléber aceitou a proposta e a partir daí deu-se inicio a organização da primeira turma.
Nos primeiros anos os alunos para a EAD eram selecionados da mesma forma que os alunos presenciais, através do vestibular, elaborado pela COPEVE, porém atualmente foi modificada essa forma de ingresso no curso, primeiro porque 80 % das vagas estão destinadas aos professores, que por algum motivo atuam na área, mas não possuem a graduação, estes professores se inscrevem na plataforma Lattes e entram automaticamente sem que seja preciso fazer prova. O restante das vagas (20 %) são destinadas aos alunos que apenas terminaram o ensino médio e sentem desejo de ingressarem em uma faculdade a distância, esses alunos passam por um processo seletivo muito simplificado, uma prova com 40 questões de física, português e matemática, porém o que acontece é o seguinte, é muito raro aparecerem professores, normalmente aparecem 3 ou 4 e não preenche os números de vagas, por isso as vagas restantes são remanejadas para os alunos que estão vindo do ensino médio.
Ao perguntarmos quantos alunos há no curso atualmente o professor nos fala que é uma pergunta difícil de ser respondida atualmente, pois existem na média de 90 alunos que entraram em 2007 no curso e que não tem mais condições de passarem, pois ainda permanecem no terceiro ou no quarto semestre, não conseguem mais concluir o curso, pois o curso tem a duração de 04 anos (normal) ou 07 anos (prolongado) e o tempo limite deles ultrapassa esses tempos. Porém dos que frequentam atualmente, ele nos informa que são no total de 130 alunos. Os encontros presenciais acontecem todos os sábados letivos do ano e duram o dia inteiro sendo que são ministradas uma disciplina por turno, duas por dia e cinco disciplinas por semestre.
Ao ser perguntado sobre as dificuldades encontradas em trabalhar na coordenação da EAD, imediatamente ele nos responde que há nenhuma, pois sempre foi uma pessoa bastante articulada, também nos relata que por ter frequentado bastante a CIED sentiu-se bastante familiarizado com o cargo e logo que começou a trabalhar na coordenação convidou duas moças da CIED para trabalhar juntamente com ele, fazendo o trabalho de escritório com ele, logo depois consegue, através de seus contatos, que uma jovem secretária financeira venha trabalhar juntamente com a equipe já formada, com o passar dos anos as duas moças da secretaria saem, porém ele sempre tem o auxilio de bolsista para ajudá-lo nos trabalhos de coordenação.
Todavia, segundo ele, existe muito mais na coordenação de um curso EAD, não é apenas com a organização do espaço que este tem que se preocupar, a principal atenção se dá em torno da evasão dos alunos, perguntamos a ele qual o motivo principal dessa evasão e ele nos responde que se dá devido à falta de mão de obra no mercado, pois um aluno que começa no curso logo consegue emprego e muitas vezes não terminam o curso, o que é excelente pra o empregador deste professor, pois o pagamento é inferior devido este não possuir o diploma.
Outra dificuldade se dá a falta de acesso, em muitos casos, a internet de qualidade, isso ocorre principalmente com alunos do interior, também existe uma série de outras dificuldades como, por exemplo: um aluno do interior necessita uma vez por semana está na cidade polo (Arapiraca e Maceió) para os encontros presenciais isso acarreta uma série de gastos com transporte, alimentação e etc. Além da falta de infraestrutura para os encontros presenciais e a oferta escassa de professores para esta modalidade.
Fazer a EAD funcionar é um desafio constante, pois se depararmos para as dificuldades desistiremos imediatamente por isso que devemos olhar para os benefícios que ela nos traz para a educação. Pois a EAD é uma possibilidade de formar, é a possibilidade de levar a diferentes lugares uma educação de qualidade, principalmente no interior, é possibilitar que o trabalhador que não tem tempo para frequentar um curso presencial tenha acesso a essa educação, porém para que isso deixe de ser uma possibilidade e passe a ser realidade, faz-se necessário que o aluno se conscientize que só depende dele, entenda a importância que a EAD tem, pois um aluno de EAD precisa ser disciplinado, organizado e um pouco autodidata, pois ele estuda sozinho, é orientado, mas estuda só.
Para finalizar o professor nos relata que existe muitas reclamações dos alunos por meio desse estudo individualizado, eles chegam aos encontros presenciais e querem aulas e muitas vezes não se satisfazem com o que é trabalho, porém precisa-se entender que essa é a proposta da EAD, ela é voltada para aquele aluno trabalhador e que não tem tempo de frequentar as aulas, conta-nos que existem casos que os alunos pensam em mudar para a modalidade presencial, porém tem-se uma conversa esclarecendo as coisas, perguntando qual é a possibilidade desse aluno frequentar aulas, que horário ele faria isso e logo esse pensamento desaparece, acontece o inverso também há casos de alunos presenciais mudarem para a distância justamente por levarem em consideração o fator tempo.


Entrevista realizada com coordenadora do curso de pedagogia à distancia

A entrevista foi realizada com a professora e coordenadora de EAD em pedagogia, professora Elza Maria, que nos informou que o curso de EAD existe desde 1998 a partir do primeiro modelo semipresencial, onde o material impresso era de formato mais significativo, porque muitos alunos moravam no interior e não tinham computador em casa, o que dificultava muito nas aulas a distancia, em 2006 com a criação da UAB o curso começou a acontecer online. Com relação à entrada no curso, a seleção de alunos para esta modalidade é realizada através do processo seletivo seriado que é pela COPEVE, mas as provas não são iguais as da seleção presencial.
Sobre a quantidade de alunos, a entrevistadora afirmou que o curso atualmente conta com cerca de mil alunos e que a duração do curso é de oito períodos, ou seja, de quatro anos, igual ao presencial, mas as vezes eles terminam um ou dois meses após os alunos da modalidade presencial.
O modelo do curso é parecido com o presencial e tem a mesma carga de disciplinas, já a diferença do presencial é que cada disciplina tem três momentos: 30% são presenciais e a outra parte é acompanhada pelo tutor, este tutor é selecionado por um edital publico. O tutor tem que ser formado na área e ter especialização.
A respeito das dificuldades de coordenar um curso a distancia, a entrevistada fala que, por se tratar de um trabalho que acontece por uma rede de computadores ligada a internet, a sua qualidade depende da boa funcionalidade desses fatores. Sobre os benefícios que a educação a distancia trás para a educação de alagoas, ela respondeu que, um deles, é a possibilidade dos professores se qualificarem e a ampliação da oferta, e melhorar os índices de educação.

CONCLUSÃO

Dessa maneira podemos concluir que a educação na modalidade à distancia vem ganhando muitos adeptos ao longo dos anos, por possibilitar o acesso dos alunos a uma graduação ou a continuidade dos estudos. Aos poucos esse acesso se torna efetivo nesta universidade, através de alguns cursos.



[1] Alunas do 5º período do curso de Pedagogia do Centro de Educação da  UFAL.

RESENHA DO TEXTO: PRECONCEITO RACIAL: MODOS, TEMPOS E TEMAS


Priscilla Rafaela Zubem de Souza¹


GUIMARAES, Antonio Sérgio Alfredo. Preconceito racial: modos, temas e tempos. 2 ed., São Paulo, SP: Cortez Editora, 2012.


Antônio Sérgio Guimaraes é um escritor graduado e mestre em ciências sociais pela a Universidade Federal da Bahia, atualmente é professor da universidade Federal de São Paulo e em suas produções tem abordado temas como: racismo e antirracismo no Brasil, preconceito e discriminação, classes e democracia.
Na obra: Preconceito Racial Guimarães inicia suas abordagens tratando do conceito de cor e raça, para ele estes conceitos foram se formando de forma histórica. Nossas concepções de cor e raças são primariamente surgidas através das concepções que outros povos tinham deste assunto, como os Europeus e os Americanos.
 Segundo o autor essas concepções surgem quando se sente a necessidade de classificar o povo de uma nação, a fim de organizá-lo, assim começa a agrupação de pessoas que possuam as mesmas características biológicas e aspectos parecidos, a esta classificação dá-se o nome de raça. No caso da raça negra tem seu aspecto primordial pela cor de sua pele, mas não se observa esse critério a classificar os membros das outras raças como: os Europeus (os brancos), os povos Asiáticos ou os Lupões. Assim já temos observado o inicio de uma certa ação preconceituosa das pessoas que são responsáveis por estas classificações.
O texto ressalta que acreditavam-se que a inteligência de um povo era medida pela raça que este possuísse, sendo assim a raça negra eram vistos como os menos inteligentes, pois eram os que menos tinham acesso a informação devido a sua história de escravidão que tinham vivido, eram vistos como sujos e indignos de qualquer atenção.
O autor menciona que quando tratamos de preconceito de cor e raça estamos prioritariamente falando da relação preto e branco, pois herdamos dos nossos antepassados, dos ocidentais, a ideia do simbolismo das cores, de forma que o branco é símbolo de sucesso, pureza e sabedoria enquanto o preto tratava-se de derrota, morte e pecado.
“Sem nos darmos conta, essa ligação da negrura com o Inferno, a morte e as trevas da noite e o pecado não deixa de exercer influencia sobre nossa visão dos africanos, como se uma maldição estivesse colada a sua pele” (p. 11).
Acredita-se que esta ideia deva continuar em nossa sociedade, mesmo ainda existindo um resquício de pessoas que pensem dessa forma, porém elas procuram não demostrar ao publico seu preconceito, pois trata de uma ação que, depois de muitas lutas da raça negra, hoje é caracterizada como crime inafiançável, mas este é apenas mais um problema, pois ao invés de sentirem vergonha de pensarem assim a respeito de seu semelhante eles apenas não demonstram o que pensam por medo.
Não se pode tratar do preconceito de uma única forma em todas as sociedades existentes no mundo, pois se deve levar em consideração o tempo, as politicas as mobilizações sociais de cada sociedade especifica e, entre outros fatores, a história de cada povo. Como explicita Guimarães: “Não há uma ciência universal do que seja o preconceito de cor e de raça que possa ser aplicada em todas as partes” (p.7).
Conforme o texto no Brasil foram atribuídas as concepção de outros povos para se construir a nossa própria concepção, fazendo comparações e tratando da mesma forma o povo daqui como se fosse o de lá, sem se pensar no modo de vida de um ou do outro, em alguns casos houveram épocas que a melhor solução para acabar com essa desigualdade era através da extinção da raça negra, em outros casos houveram estudos para descobrir a melhor forma de pararem de nascer negros, pensaram até que o clima era responsável pela cor da pele, devido a exposição ao sol, mas foi diagnosticado que este fator estava fora de questão.
Guimarães relata que em certo momento da história do Brasil, houve uma diferenciação entre os negros no Brasil, tratava-se de duas sub-raças: o preto (africanos) e o criolo (brasileiros negros), assim a raça negra era formada por escravos, os negros da África e os índios; após a abolição houve-se também uma diferenciação na nomenclatura, pois a palavra negro era carregado por um sentido ofensivo e a palavra preto estava relacionado a cor. Por haver esse sentido muitas experiências foram feitas na nomenclatura para designar esta raça, porém devido a essa mudança, alguns negros mais claros se denominaram morenos e se sentiam superiores aos demais integrantes de sua raça.
Em um país tão grande como Brasil torna-se impossível que exista apenas um tipo de raça, além do mais devido à história da imigração ocorrida em nosso pais, assim também é muito complicado que haja o tratamento igualitário para todos, pois cada raça tem suas perspectivas de vida, como Guimarães ressalta em seu livro:
“É como se a diversidade de grupos culturais e raciais, ou seja, constituídos por traços fenotípicos ou culturais que os distinguissem uns dos outros, desenvolvesse por si mesma uma narrativa de intolerância e ódio para a qual fossem atraídos indivíduos de acordo com certas características ou certas situações” (p. 52).

Temos que ter a consciência que mesmo em um pais tão grande e tão diverso, nossas diferenças não pode estar em evidência, porque somos diferentes, mas não desiguais, todos temos direitos e deveres a ser cumpridos e devemos respeito uns aos outros.
Observa-se que nossa sociedade muito preconceituosa, as pessoas acham que o preto não tem direito a muita coisa, ainda remete-se a pensar que o lugar desses é sendo escravo, podemos comprovar isso em atitudes que muitas vezes passam despercebidas pelos próprios que sofrem essa discriminação, são raros os negros que conseguem terminar seus estudos, terem um emprego digno a verdade é que as oportunidades para eles são mais escassas que para os da classe dominante. Mesmo sabendo-se que o negro é capaz de mudar seu destino se este tiver oportunidades, parece muito difícil para as autoridades reverter os sofrimentos ocasionados pelo preconceito assim opta-se para as ações de politicas afirmativas como as cotas e os benefícios aos mais necessitados.
Segundo Guimarães a questão em relação a essas politicas afirmativas que proporcionam ao cidadão o ingresso a, por exemplo, educação superior é que possibilitar o ingresso é um fator fácil se comparado a possibilitar que este cidadão consiga se manter no ensino superior, por isso não se deve apenas pensar em ingressá-lo, mas também em o que se fazer para que este possa concluir sua formação, além disso o que tem se observado é que estas politicas de ações afirmativas tem o seu resultado invertido em vez de acabar com a discriminação acaba deixando-a mais clara e evidente, portanto deixo a pergunta esse é o caminho certo para extinguir a descriminação no Brasil
Ao nos depararmos com a leitura da obra de Guimarães começamos a refletir e Observar que o negro em nosso país, mesmo com tantas conquistas a respeito da garantia de direitos, continuam sofrendo os preconceitos da cor, mesmo que as politicas tentem de algumas formas mudarmos essa história suas ações muitas vezes só encobrem o preconceito tão presente em nosso meio, para mudar essa concepção é preciso que além de se pensar em leis que garantam que estes tenham seus direitos assegurados, precisa-se pensar em uma forma de mudar radicalmente a forma como olhamos para o negro, e como o próprio negro se ver perante a sociedade, devemos ter em nossas consciências que todo ser humano é igual e merece respeito.
O texto em questão é uma ótima discursão para quem se interessa sobre a temática, que tenha uma mente voltada para a igualdade social, é um texto que abre os olhos das pessoas esclarecendo as pessoas interessadas como ocorreu o surgimento do preconceito em nossa sociedade.

quarta-feira, 6 de março de 2013

AS COTAS RACIAIS - SITE FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES

As cotas raciais. disponível em: < http://www.palmares.gov.br/?lang=en> acesso em 05 de março de 2013.

As Cotas raciais são uma das principais medidas afirmativas adotadas em defesa da população afro-brasileira, pois proporciona a inserção de um contingente considerável de negros na rede universitária do País. Consiste basicamente na reserva de parte das vagas das instituições de ensino superior para candidatos afrodescendentes ou indígenas, por exemplo.



O sistema geral de cotas agrega, ainda, as Cotas sociais, que consistem na reserva de vagas do vestibular para alunos formados em escolas públicas, pessoas com algum tipo de deficiência, estudantes com baixa renda familiar ou professores da rede pública, entre outros; e o Bônus, que é o acréscimo de pontos, por meio de valores fixos ou de porcentagens, na nota do vestibular de candidatos de condições socioeconômicas menos favorecidas.


Chega a 158 o número de instituições públicas de ensino superior que adotam algum tipo de cota em seus processos seletivos. Destas, 89 implantaram a política de Cotas para negros, segundo levantamento realizado pela organização Educação e Cidadania de Afrodescendentes e Carentes (Educafro), ao longo dos últimos seis anos (2004 a 2010).


Hoje, as universidades têm autonomia para criar seus próprios sistemas de cotas. Entre os vários tipos de ações há reserva de vagas para negros, quilombolas, indígenas, ex-alunos de escola pública, pessoas com deficiência, filhos de policiais mortos em serviço, estudantes com baixa renda familiar e professores da rede pública residentes na cidade onde se localiza a instituição.

AÇÕES AFIRMATIVAS - SITE FUNDAÇÃO CULTURAL PALMARES

Ações afirmativas. disponível em: < http://www.palmares.gov.br/?lang=en> acesso em 05 de março de 2013

AÇÕES AFIRMATIVAS

O que significa? 

Por Ação Afirmativa entende-se o conjunto de políticas públicas adotadas com o objetivo de promover a ascensão de grupos socialmente minoritários, sejam eles étnico-culturais, sexuais ou portadores de necessidades especiais. Em síntese, a ação afirmativa tem como objetivo combater as desigualdades sociais resultantes de processos de discriminação negativa, dirigida a setores vulneráveis e desprivilegiados da sociedade.
Tais políticas têm como marco histórico a sua institucionalização no sistema educacional estadunidense a partir da década de 60. À época, estas políticas visavam o ingresso da população negra nos centros universitários de excelência dos Estados Unidos da América.