Priscilla Rafaela Zubem de Souza¹
GUIMARAES,
Antonio Sérgio Alfredo. Preconceito
racial: modos, temas e tempos. 2 ed., São Paulo, SP: Cortez Editora, 2012.
Antônio Sérgio Guimaraes é um escritor graduado e
mestre em ciências sociais pela a Universidade Federal da Bahia, atualmente é
professor da universidade Federal de São Paulo e em suas produções tem abordado
temas como: racismo e antirracismo no Brasil, preconceito e discriminação,
classes e democracia.
Na obra: Preconceito Racial Guimarães inicia suas
abordagens tratando do conceito de cor e raça, para ele estes conceitos foram
se formando de forma histórica. Nossas concepções de cor e raças são
primariamente surgidas através das concepções que outros povos tinham deste
assunto, como os Europeus e os Americanos.
Segundo o autor
essas concepções surgem quando se sente a necessidade de classificar o povo de
uma nação, a fim de organizá-lo, assim começa a agrupação de pessoas que
possuam as mesmas características biológicas e aspectos parecidos, a esta
classificação dá-se o nome de raça. No caso da raça negra tem seu aspecto
primordial pela cor de sua pele, mas não se observa esse critério a classificar
os membros das outras raças como: os Europeus (os brancos), os povos Asiáticos
ou os Lupões. Assim já temos observado o inicio de uma certa ação
preconceituosa das pessoas que são responsáveis por estas classificações.
O texto ressalta que acreditavam-se que a inteligência
de um povo era medida pela raça que este possuísse, sendo assim a raça negra
eram vistos como os menos inteligentes, pois eram os que menos tinham acesso a
informação devido a sua história de escravidão que tinham vivido, eram vistos
como sujos e indignos de qualquer atenção.
O autor menciona que quando tratamos de preconceito de
cor e raça estamos prioritariamente falando da relação preto e branco, pois
herdamos dos nossos antepassados, dos ocidentais, a ideia do simbolismo das
cores, de forma que o branco é símbolo de sucesso, pureza e sabedoria enquanto
o preto tratava-se de derrota, morte e pecado.
“Sem nos darmos conta, essa ligação da negrura com o
Inferno, a morte e as trevas da noite e o pecado não deixa de exercer
influencia sobre nossa visão dos africanos, como se uma maldição estivesse
colada a sua pele” (p. 11).
Acredita-se que esta ideia deva continuar em nossa
sociedade, mesmo ainda existindo um resquício de pessoas que pensem dessa
forma, porém elas procuram não demostrar ao publico seu preconceito, pois trata
de uma ação que, depois de muitas lutas da raça negra, hoje é caracterizada
como crime inafiançável, mas este é apenas mais um problema, pois ao invés de
sentirem vergonha de pensarem assim a respeito de seu semelhante eles apenas
não demonstram o que pensam por medo.
Não se pode tratar do preconceito de uma única forma
em todas as sociedades existentes no mundo, pois se deve levar em consideração
o tempo, as politicas as mobilizações sociais de cada sociedade especifica e, entre
outros fatores, a história de cada povo. Como explicita Guimarães: “Não há uma
ciência universal do que seja o preconceito de cor e de raça que possa ser
aplicada em todas as partes” (p.7).
Conforme o texto no Brasil foram atribuídas as
concepção de outros povos para se construir a nossa própria concepção, fazendo
comparações e tratando da mesma forma o povo daqui como se fosse o de lá, sem
se pensar no modo de vida de um ou do outro, em alguns casos houveram épocas
que a melhor solução para acabar com essa desigualdade era através da extinção
da raça negra, em outros casos houveram estudos para descobrir a melhor forma
de pararem de nascer negros, pensaram até que o clima era responsável pela cor
da pele, devido a exposição ao sol, mas foi diagnosticado que este fator estava
fora de questão.
Guimarães relata que em certo momento da história do
Brasil, houve uma diferenciação entre os negros no Brasil, tratava-se de duas
sub-raças: o preto (africanos) e o criolo (brasileiros negros), assim a raça negra
era formada por escravos, os negros da África e os índios; após a abolição
houve-se também uma diferenciação na nomenclatura, pois a palavra negro era carregado
por um sentido ofensivo e a palavra preto estava relacionado a cor. Por haver
esse sentido muitas experiências foram feitas na nomenclatura para designar
esta raça, porém devido a essa mudança, alguns negros mais claros se
denominaram morenos e se sentiam superiores aos demais integrantes de sua raça.
Em um país tão grande como Brasil torna-se impossível
que exista apenas um tipo de raça, além do mais devido à história da imigração
ocorrida em nosso pais, assim também é muito complicado que haja o tratamento
igualitário para todos, pois cada raça tem suas perspectivas de vida, como Guimarães
ressalta em seu livro:
“É como se a diversidade de grupos culturais e
raciais, ou seja, constituídos por traços fenotípicos ou culturais que os
distinguissem uns dos outros, desenvolvesse por si mesma uma narrativa de
intolerância e ódio para a qual fossem atraídos indivíduos de acordo com certas
características ou certas situações” (p. 52).
Temos que ter a consciência que mesmo em um pais tão grande e tão
diverso, nossas diferenças não pode estar em evidência, porque somos diferentes,
mas não desiguais, todos temos direitos e deveres a ser cumpridos e devemos
respeito uns aos outros.
Observa-se que nossa sociedade muito preconceituosa,
as pessoas acham que o preto não tem direito a muita coisa, ainda remete-se a
pensar que o lugar desses é sendo escravo, podemos comprovar isso em atitudes
que muitas vezes passam despercebidas pelos próprios que sofrem essa
discriminação, são raros os negros que conseguem terminar seus estudos, terem
um emprego digno a verdade é que as oportunidades para eles são mais escassas
que para os da classe dominante. Mesmo sabendo-se que o negro é capaz de mudar
seu destino se este tiver oportunidades, parece muito difícil para as
autoridades reverter os sofrimentos ocasionados pelo preconceito assim opta-se
para as ações de politicas afirmativas como as cotas e os benefícios aos mais
necessitados.
Segundo Guimarães a questão em relação a essas
politicas afirmativas que proporcionam ao cidadão o ingresso a, por exemplo,
educação superior é que possibilitar o ingresso é um fator fácil se comparado a
possibilitar que este cidadão consiga se manter no ensino superior, por isso
não se deve apenas pensar em ingressá-lo, mas também em o que se fazer para que
este possa concluir sua formação, além disso o que tem se observado é que estas
politicas de ações afirmativas tem o seu resultado invertido em vez de acabar
com a discriminação acaba deixando-a mais clara e evidente, portanto deixo a
pergunta esse é o caminho certo para extinguir a descriminação no Brasil
Ao nos depararmos com a leitura da obra de Guimarães
começamos a refletir e Observar que o negro em nosso país, mesmo com tantas
conquistas a respeito da garantia de direitos, continuam sofrendo os
preconceitos da cor, mesmo que as politicas tentem de algumas formas mudarmos
essa história suas ações muitas vezes só encobrem o preconceito tão presente em
nosso meio, para mudar essa concepção é preciso que além de se pensar em leis
que garantam que estes tenham seus direitos assegurados, precisa-se pensar em
uma forma de mudar radicalmente a forma como olhamos para o negro, e como o
próprio negro se ver perante a sociedade, devemos ter em nossas consciências
que todo ser humano é igual e merece respeito.
O texto em questão é uma ótima discursão para quem se
interessa sobre a temática, que tenha uma mente voltada para a igualdade
social, é um texto que abre os olhos das pessoas esclarecendo as pessoas
interessadas como ocorreu o surgimento do preconceito em nossa sociedade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário