sexta-feira, 8 de março de 2013

RESENHA DO TEXTO: PRECONCEITO RACIAL: MODOS, TEMPOS E TEMAS


Priscilla Rafaela Zubem de Souza¹


GUIMARAES, Antonio Sérgio Alfredo. Preconceito racial: modos, temas e tempos. 2 ed., São Paulo, SP: Cortez Editora, 2012.


Antônio Sérgio Guimaraes é um escritor graduado e mestre em ciências sociais pela a Universidade Federal da Bahia, atualmente é professor da universidade Federal de São Paulo e em suas produções tem abordado temas como: racismo e antirracismo no Brasil, preconceito e discriminação, classes e democracia.
Na obra: Preconceito Racial Guimarães inicia suas abordagens tratando do conceito de cor e raça, para ele estes conceitos foram se formando de forma histórica. Nossas concepções de cor e raças são primariamente surgidas através das concepções que outros povos tinham deste assunto, como os Europeus e os Americanos.
 Segundo o autor essas concepções surgem quando se sente a necessidade de classificar o povo de uma nação, a fim de organizá-lo, assim começa a agrupação de pessoas que possuam as mesmas características biológicas e aspectos parecidos, a esta classificação dá-se o nome de raça. No caso da raça negra tem seu aspecto primordial pela cor de sua pele, mas não se observa esse critério a classificar os membros das outras raças como: os Europeus (os brancos), os povos Asiáticos ou os Lupões. Assim já temos observado o inicio de uma certa ação preconceituosa das pessoas que são responsáveis por estas classificações.
O texto ressalta que acreditavam-se que a inteligência de um povo era medida pela raça que este possuísse, sendo assim a raça negra eram vistos como os menos inteligentes, pois eram os que menos tinham acesso a informação devido a sua história de escravidão que tinham vivido, eram vistos como sujos e indignos de qualquer atenção.
O autor menciona que quando tratamos de preconceito de cor e raça estamos prioritariamente falando da relação preto e branco, pois herdamos dos nossos antepassados, dos ocidentais, a ideia do simbolismo das cores, de forma que o branco é símbolo de sucesso, pureza e sabedoria enquanto o preto tratava-se de derrota, morte e pecado.
“Sem nos darmos conta, essa ligação da negrura com o Inferno, a morte e as trevas da noite e o pecado não deixa de exercer influencia sobre nossa visão dos africanos, como se uma maldição estivesse colada a sua pele” (p. 11).
Acredita-se que esta ideia deva continuar em nossa sociedade, mesmo ainda existindo um resquício de pessoas que pensem dessa forma, porém elas procuram não demostrar ao publico seu preconceito, pois trata de uma ação que, depois de muitas lutas da raça negra, hoje é caracterizada como crime inafiançável, mas este é apenas mais um problema, pois ao invés de sentirem vergonha de pensarem assim a respeito de seu semelhante eles apenas não demonstram o que pensam por medo.
Não se pode tratar do preconceito de uma única forma em todas as sociedades existentes no mundo, pois se deve levar em consideração o tempo, as politicas as mobilizações sociais de cada sociedade especifica e, entre outros fatores, a história de cada povo. Como explicita Guimarães: “Não há uma ciência universal do que seja o preconceito de cor e de raça que possa ser aplicada em todas as partes” (p.7).
Conforme o texto no Brasil foram atribuídas as concepção de outros povos para se construir a nossa própria concepção, fazendo comparações e tratando da mesma forma o povo daqui como se fosse o de lá, sem se pensar no modo de vida de um ou do outro, em alguns casos houveram épocas que a melhor solução para acabar com essa desigualdade era através da extinção da raça negra, em outros casos houveram estudos para descobrir a melhor forma de pararem de nascer negros, pensaram até que o clima era responsável pela cor da pele, devido a exposição ao sol, mas foi diagnosticado que este fator estava fora de questão.
Guimarães relata que em certo momento da história do Brasil, houve uma diferenciação entre os negros no Brasil, tratava-se de duas sub-raças: o preto (africanos) e o criolo (brasileiros negros), assim a raça negra era formada por escravos, os negros da África e os índios; após a abolição houve-se também uma diferenciação na nomenclatura, pois a palavra negro era carregado por um sentido ofensivo e a palavra preto estava relacionado a cor. Por haver esse sentido muitas experiências foram feitas na nomenclatura para designar esta raça, porém devido a essa mudança, alguns negros mais claros se denominaram morenos e se sentiam superiores aos demais integrantes de sua raça.
Em um país tão grande como Brasil torna-se impossível que exista apenas um tipo de raça, além do mais devido à história da imigração ocorrida em nosso pais, assim também é muito complicado que haja o tratamento igualitário para todos, pois cada raça tem suas perspectivas de vida, como Guimarães ressalta em seu livro:
“É como se a diversidade de grupos culturais e raciais, ou seja, constituídos por traços fenotípicos ou culturais que os distinguissem uns dos outros, desenvolvesse por si mesma uma narrativa de intolerância e ódio para a qual fossem atraídos indivíduos de acordo com certas características ou certas situações” (p. 52).

Temos que ter a consciência que mesmo em um pais tão grande e tão diverso, nossas diferenças não pode estar em evidência, porque somos diferentes, mas não desiguais, todos temos direitos e deveres a ser cumpridos e devemos respeito uns aos outros.
Observa-se que nossa sociedade muito preconceituosa, as pessoas acham que o preto não tem direito a muita coisa, ainda remete-se a pensar que o lugar desses é sendo escravo, podemos comprovar isso em atitudes que muitas vezes passam despercebidas pelos próprios que sofrem essa discriminação, são raros os negros que conseguem terminar seus estudos, terem um emprego digno a verdade é que as oportunidades para eles são mais escassas que para os da classe dominante. Mesmo sabendo-se que o negro é capaz de mudar seu destino se este tiver oportunidades, parece muito difícil para as autoridades reverter os sofrimentos ocasionados pelo preconceito assim opta-se para as ações de politicas afirmativas como as cotas e os benefícios aos mais necessitados.
Segundo Guimarães a questão em relação a essas politicas afirmativas que proporcionam ao cidadão o ingresso a, por exemplo, educação superior é que possibilitar o ingresso é um fator fácil se comparado a possibilitar que este cidadão consiga se manter no ensino superior, por isso não se deve apenas pensar em ingressá-lo, mas também em o que se fazer para que este possa concluir sua formação, além disso o que tem se observado é que estas politicas de ações afirmativas tem o seu resultado invertido em vez de acabar com a discriminação acaba deixando-a mais clara e evidente, portanto deixo a pergunta esse é o caminho certo para extinguir a descriminação no Brasil
Ao nos depararmos com a leitura da obra de Guimarães começamos a refletir e Observar que o negro em nosso país, mesmo com tantas conquistas a respeito da garantia de direitos, continuam sofrendo os preconceitos da cor, mesmo que as politicas tentem de algumas formas mudarmos essa história suas ações muitas vezes só encobrem o preconceito tão presente em nosso meio, para mudar essa concepção é preciso que além de se pensar em leis que garantam que estes tenham seus direitos assegurados, precisa-se pensar em uma forma de mudar radicalmente a forma como olhamos para o negro, e como o próprio negro se ver perante a sociedade, devemos ter em nossas consciências que todo ser humano é igual e merece respeito.
O texto em questão é uma ótima discursão para quem se interessa sobre a temática, que tenha uma mente voltada para a igualdade social, é um texto que abre os olhos das pessoas esclarecendo as pessoas interessadas como ocorreu o surgimento do preconceito em nossa sociedade.

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